JMJ. Marcelo faz balanço positivo e quer Igreja "ainda mais semente do futuro"

por RTP

Miguel A. Lopes - EPA

Em entrevista à RTP no Parque Tejo, o presidente da República disse desejar que a Igreja seja uma viva, dinâmica e "ainda mais semente do futuro", com os jovens em papel de destaque. Marcelo Rebelo de Sousa voltou a fazer um balanço positivo da Jornada Mundial da Juventude, relembrando que "o mundo mudou" desde que se soube que esta iria realizar-se em Lisboa, pelo que o evento teve de ser adaptado às novas circunstâncias - que incluem a guerra na Ucrânia.

“Eu desejaria, nem é como católico, mas como presidente da República, que a Igreja fosse uma instituição viva, dinâmica e, para além do peso que tem na sociedade portuguesa, que fosse ainda mais semente do futuro e com um papel ainda mais claro dos jovens”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa este domingo.

O chefe de Estado renovou ainda o apelo do papa Francisco para que haja uma transformação na Igreja, tanto a portuguesa como a universal. “Uma Igreja que não seja vista de uma forma rígida na letra da burocracia, do pormenor, do formalismo” e onde “cada pessoa é uma pessoa e todas cabem”, elucidou.

Marcelo Rebelo de Sousa considera ainda que as mensagens deixadas pelo papa são uma espécie de caderno de encargos não só para os jovens, mas para toda a gente, incluindo políticos.

“A Santa Sé tem uma diplomacia contínua a trabalhar pela paz, pela ecologia. A Europa tem um papel pioneiro na ecologia, tem de regressar a isso; há pistas que foram lançadas” por Francisco, acredita o presidente, referindo ainda o tema da educação, que tem de ser “uma saída para a realidade e não fechada sobre si mesma”.

Questionado sobre se os apelos do papa vão mudar alguma coisa na governação de Portugal, o chefe de Estado respondeu que temos de perceber que “ou a juventude tem uma participação política muito maior no nosso país, como noutros países da velha Europa (…), ou nós ficamos para trás”.
Houve “coligação de forças” para a JMJ
O presidente da República recuou no tempo para contar à RTP como, há mais de quatro anos, ao saber que Portugal seria o local da JMJ deste ano, visitou com o primeiro-ministro e com o vereador da Câmara de Lisboa vários locais durante a noite para sondarem qual o sítio que acolheria o evento.

Rapidamente perceberam que, além do Parque Eduardo VII, só poderia ser o Parque Tejo – onde decorreu a entrevista à RTP. “Houve aqui uma coligação de forças para a JMJ”, explicou.

Depois, com a pandemia e a guerra, os planos atrasaram-se. “O mundo mudou, a Europa mudou, tudo mudou. E isso obrigou a arrancar num contexto completamente diferente, em que durante quatro anos não há estas Jornadas”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.

Nesse espaço de tempo, também a juventude católica “mudou imenso”, nomeadamente na busca de paz, já que entretanto se iniciou uma guerra.

Isso “obrigou a repensar toda a filosofia do evento”, afirmou o PR. “Era um evento para um determinado mundo e o mundo era outro. E o papa, ele próprio, com aquela plasticidade e flexibilidade, alegria e capacidade de improviso latino-americana, constrói o discurso para esta Jornada de acordo com o novo mundo”.

Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que considera a JMJ deste ano “um grande sucesso” e aproveitou para agradecer aos portugueses, já que o povo em geral “preparou-se para aquilo que iria acontecer”, acolhendo milhares e milhares de pessoas.
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